O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidade em Portugal. Acontece quando a rede vascular responsável por levar oxigénio e outros nutrientes para o cérebro sofre uma obstrução ou rutura – AVC isquémico ou hemorrágico, respetivamente.
O cérebro é responsável por controlar a visão, os movimentos do corpo, a fala, etc. Assim, consoante a área cerebral afetada, depois do AVC, pode apresentar um leque muito vasto e variado de consequências.
Tal como outras patologias, o AVC tem fatores de risco modificáveis e outros não modificáveis. O fator de risco principal é a hipertensão arterial. O tabagismo, a diabetes, o colesterol, a obesidade, o consumo excessivo de álcool, a fibrilação auricular e a aterosclerose são outros dos fatores de risco. Hábitos de vida saudáveis (atividade física, alimentação cuidada, por exemplo) são fundamentais na para a prevenção do AVC.
Na impossibilidade da prevenção, saber como atuar perante um amigo ou familiar com suspeita de AVC é fundamental.
Quais são os sinais e sintomas de um AVC?
Os sintomas mais comuns são:
- Desvio (Assimetria) da cara
- Falta (diminuição ou perda) de força de um dos lados do corpo
- Falta de entendimento, dificuldade em falar.
Além destes pode também aparecer, alteração de visão, dificuldade em andar, tonturas ou falta de equilíbrio, dor de cabeça forte e sem causa aparente, sensação súbita de náusea e vómito.
Perante queixas um familiar ou amigo existem alguns procedimentos fundamentais que podem ajudar a prevenir e atuar de forma rápida e, assim, minimizar as lesões provocadas pelo AVC:
- Peça-lhe que sorria e observe: um dos lados da face está descaído? A boca está torta?
- Peça-lhe que levante os dois membros superiores e observe: os braços levantam de forma assimétrica? Um dos braços cai, sem força?
- Pergunte-lhe coisas simples como o nome: a voz arrasta? Tem dificuldade em falar? As respostas são incoerentes?
Se responder sim a alguma das questões anteriores é urgente o encaminhamento para hospital. A hora de início dos sintomas é fundamental para determinar o melhor tratamento a realizar. No hospital serão realizados meios complementares de diagnóstico e o tratamento passará pela ingestão de medicamentos ou cirúrgico.
Após a alta hospitalar é possível continuar a recuperação do AVC?
Sim! As sessões de fisioterapia devem iniciar-se o mais rápido possível tirando o máximo proveito dos fenómenos de neuroplasticidade.
O fisioterapeuta especializado em reabilitação neurológica assume um papel preponderante para reabilitar a capacidade motora e promover a autonomia do paciente na realização das atividades da vida diária. As sessões vão de encontra aos objetivos do paciente, que serão discutidos, de forma transparente em conjunto com o fisioterapeuta e a família. A família/cuidadores também são envolvidos no processo, ser-lhes-á ensinado cuidados em casa para minimizar quedas e outros acidentes, estratégias para o posicionamento do lado afetado de forma a potenciar os resultados da fisioterapia, etc.
Luísa Matos
Fisioterapeuta (cédula OF 346)